01 novembro 2017

Na manta curta, enrolar o adversário

Jogo nervoso, ríspido, combatido mais do que jogado, com nervos porque as falhas seriam fatais e muito nervoso metido em cada lance. Percebido o adversário na partida da Alemanha, que fez precipitar muitos erros individuais e do plano de jogo, mudou-se o figurino, valeu a estratégia, raça, manha e valentia que faltaram nos últimos anos em equipas portistas tecnicamente melhores. E foi em esforço de superação que o FC Porto chegou aos 6 pontos, devolvendo ao RB os 3 golos de Leipzig.
Muito destapado e desccoordenado há 15 dias, o FC Porto tinha de cortar linhas de passe com o meio-campo mais perto da defesa, evitando jogo entre linhas dos versáteis alemães em toda a frente de ataque.
Depois era aproveitar os erros contrários como eles aproveitaram os do FC Porto antes. Bolas paradas não costumam ser pontos fracos de alemães, mas esta equipa de publicidade e marketing não é de figurino alemão tout court, pelo que houve que descer um nível no espectáculo do jogo para o FC Porto recusar o jogo de nível que o RB preferiria.
Houve só uma distracção no regresso do intervalo quando mal se percebia o novo Werner em campo. Mas a equipa reabilitou-se e feriu de novo em bola parada onde a insistência de Danilo e Herrera foram preponderantes nos dois golos.
Era óbvio que ao plano inicial faltava já Marega, que dava a profundidade necessária ao futebol mais esticado em passes longos e menos de apoio, com Brahimi e Corona retidos nas linhas. Aguentar firme e punir forte foi o remédio, com a manta curta mais ainda por falta de opções ofensivas. Enveredou-se por enrolar o adversário num jogo de luta, sem espaços, amiúde com faltas em função do jogo físico, que fez ressaltar algum nervoso miudinho, porque só a vitória importava. E o mais improvável golo de Maxi rematou a contenda difícil em que a estratégia prevaleceu, a mesma que era descurada nos anos anteriores em que jogadores como Oliver ou Otávio não encaixaram, mas André André serve perfeitamente. Fez-se mais das fraquezas forças, diminuindo o potencial do adversário e protegendo as fragilidades e falta de opções do FC Porto, sempre notórias nestes jogos de alto gabarito que mais exigem. Recusar um passo na sua forma de jogar serviu para dar dois em frente, sendo que o opositor também denota a sua inexperiência internacional.
Aproveitar os factores de jogo que nos podem ajudar é prova de inteligência mesmo que se perca nota artística, salvando-se o essencial, sem que algo esteja decidido no grupo.
Um alívio e uma libertação.

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