19 maio 2015

Lopetegui - ano I

Acredito que Lopetegui seja para continuar, nem faria sentido outra coisa tomando o exercício da sua entrada com projecto para 3 anos. Lopetegui mostrou bons princípios e a meio da época até questionei a sua educação/formação e forma de estar no seio deste truculento e desonesto futebol tuga. Trocar de treinador, embora no futebol nada seja garantido e sabe-se lá que parte estica a corda e impõe condições (lembre-se Adriaanse!), seria mais um ano de recomeço. O próximo, com o basco ao leme, será o ano do relançamento, passada a aprendizagem acelerada e aos solavancos.
 
Lopetegui, no ano zero, cometeu erros mas eram próprios do contexto em que aterrou, refazendo uma equipa; mesmo com muitos jogadores ditados pelo seu gosto e conhecimento, não era líquido que resultasse. Sempre é melhor ter um Tello que um Licá. Já duvido que Campana seja válido acima de alguns valores da casa que entretanto foram saindo, lembro Castro que não caindo nas minhas preferências sempre tinha a cultura da casa e não é inferior ao espanhol. Podemos questionar a validade de algumas contratações, do g.r. ao lat. esq. que nem brilharam nem comprometeram. Essa relação custo-benefício não foi má mas para o mesmo, não se destacando por aí além, chegam produtos nacionais se não forem inflacionados.
 
O problema é que a tónica despesista acentuou-se e o modelo de negócio de comprar-vender tornou-se porta giratória por onde escapam milhões sem que o clube/SAD fique saudavelmente situado. A antiga suspeita de bolsos cheios nunca ganhou tanto como agora...
 
Resta saber se Lopetegui vai ter o plantel em 2015-16 aproximado ao de hoje, sob pena de reconstruir com bases falíveis e não na senda da continuidade como era norma no Dragão.
 
A senda da descontinuidade assumida esta década é da responsabilidade da SAD. Que nem os seus técnicos valorizava, vide Vítor Pereira e mesmo AVB embora este saísse pela sedução do dinheiro, o que é tão válido para ele como para a Administração sendo que esta, ficando ao leme, tem de mostrar títulos que paguem os seus serviços. Esta é uma lógica que os adeptos insistem em não compreender, pensando que são "o clube" e não os apartados do negócio que só passa por eles para irem ao estádio e pouco mais. Também é apropriado para quem tanto se alheia do clube à margem das quatro linhas e exige pouco, quase nada, aos administradores. Uma letargia nas bancadas é o que não faz falta ao FC Porto, sob pena de terminar a década a perder troféus ao modo de começar o milénio com três anos a seco no campeonato e decerto então com equipas bem melhores do que a actual mas que, potenciada por um treinador a sério, viriam a ganhar tudo e do mais importante que há.
 
A gestão do futebol teve um balanço positivo nas receitas, com a Champions cheia e mais a caminho pelo incremento dos prémios na próxima época, sendo previsíveis uma ou duas vendas no defesa. Que ao menos sirva para estabilizar a equipa e pensar "desportivamente" nos troféus a ganhar mesmo em 2016.
 
Já quanto à continuidade de Lopetegui, decerto o treinador aprendeu o meio em que (sobre)vive o futebolzinho tuga. Já conhece a Imprensa, já conhece os campos, já conhece as rivalidades, já conhece os árbitros. Já não vai precisas de fazer tanta rotação no início, sendo que a vantagem da rotação vai até ao fim e a quebra portista dos últimos jogos teve também a ver com a falta de rotação de forma a explicar a ausência de alternativas e a persistência em jogadores gastos e que pouco deram, como Brahimi e Herrera. Mesmo Oliver, se ficar, tem de verticalizar mais o jogo e faz falta um médio, dois de preferência, que só pensem na área contrária.
 
Na área contrária temos a dúvida maior de Jackson, um valor enorme que se perde neste mar de gastos supérfluos que, muito à semelhança da época passada, não potenciaram a valia imensa do colombiano. Sexta-feira, com a antecipação do jogo com o Penafiel para encher calendário e talvez permitir-lhe uma época de mais golos na Liga e o terceiro título de artilheiro-mor, será um dia de despedida do Cha Cha Cha, seguramente, o que reabre a questão do ponta-de-lança que Adriãn López não é, como 9 de área, e o jogo de posse e extremos em 4x3x3 de Lopetegui não admite outro cenário, sendo Aboubakar muito verde ainda.
 
Para Lopetegui será, então, o ano de afirmação, corrigindo os seus erros a não ser que a teimosia o leve por maus caminhos e aí não cumprirá o contrato à falta de títulos.

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