11 outubro 2014

«Mais uma vez Cédric ultrapassado»

"ainda no recente clássico vi que Cédric pode ter muita força, glúteos desenvolvidos, pinta de gostar de halteres, correr muito, mas tudo isso fazia, por exemplo, João Pereira, embora com menos músculos visíveis. Mas em futebolês corrente, um e outro não valem um chavo. Acaba por ser curioso como Fernando Santos prescinde de um fraco lateral-direito em favor de outro fraco lateral-direito. Dirão que não haverá mais e melhores, mas só para esquecer que uma das primeiras aleivosias e mentiras de Paulo Bento foi ostracizar Bosingwa numa altura em que ele ainda dava alguma coisa. Foi o primeiro de muitos problemas de seriedade e arrogância que a Imprensa do regime fez por esquecer".
 
A tónica do França-Portugal foi aquela, ainda que só aos 40 e tal minutos a RTP de idiotas tenha reconhecido em directo algo visível desde o 1-0 aos 3'. É certo que o 2-0 nasce de um fora-de-jogo tão fácil de detectar como ilegítimo desculpar a avenida de novo aberta pelo lateral do Sporting. E nem era por acaso que a França carregava por aquele lado. No outro flanco, bastava alguém aparecer em velocidade à segunda bola que o Eliseu também não estava lá, vide ainda a sequência antes do 1-0.
 
A questão é que não se diz isto, a fraca prestação dos laterais, com a identificação dos problemas que se percebiam na convocatória, como a escrevi no dia 3. De igual modo, João Pereira foi sempre fraco mas resistiu até deixar de jogar no Valência, que o queriam tanto pôr fora que se esqueceram de o pôr fora pensando que ele ia por si. Não foi. Nem voltou a ser boa a apreciação da selecção, fruto de mais um erro de casting, o de outro valenciano, André Gomes, a fazer lembrar aquela patética aparição humilhante de André Almeida frente à Alemanha no Brasil.
 
Porque a convocatória do dia 3 já antevia isto. Só que o ecumenismo de Fernando Santos, na sua génese católica praticante, tinha não só de levar à inclusão óbvia dos filhos pródigos, em boa hora de regresso a casa e todos estiveram bem ainda que Tiago muito posicional e pouco interventivo na fase de construção, como introduzir uma coisa estranha naquele meio-campo que é suposto alimentar um ataque com potencial devastador. E essa parte viu-se, mas quando entrou o puto João Mário que de tão entusiasmado ganhou um penálti a tropeçar em si mesmo como se fosse um qualquer Lima do Benfica.
 
E a malta da RTP ainda queria outro penálti sobre Eliseu como aqueles que fatalmente são concedidos ao Benfica na Liga tuga e com a complacência silenciosa e criminosa das tv's da parvalheira.
 
Não se esperava, isso sim, é que Fernando Santos tenha reunido o tão largo consenso com a inclusão de Eliseu a lateral da tanga em detrimento de Antunes que é lateral mesmo. Eliseu, fora o excesso de peso, até costumava jogar à frente de Antunes no Málaga nesse corredor, mas como agora está no Benfica e ali só ataca, Santos pensou ser engraçado e imaginar que se defrontava o Arouca ou o P. Ferreira e árbitros portugueses permissivos dariam corda ao rapaz no corredor. Faltou a bandarilha de meter outro médio de parte pedra, como Adrien, para compor o ramalhete das desgraças próprias mas que encantam a intelligentsia lisbonense.
 
Isto, de resto, começara mal no dia do jogo em que a estúpida e inútil RTP tem de socorrer-se de uma fonte externa para dar a estatística dos confrontos França-Portugal, recorrendo a um blog. Seria inimaginável mas esta malta nova gosta das redes sociais e das muletas alheias, porque pensar tá queto e gizar algo de si é problemático com tantos pés de microfone espalhados a recolher opiniões dos emigrantes como se fôssemos recomeçar a tertúlia brasileira e o efe-erre-á da praxe.
 
Mas ainda bem que Portugal não voltou a ganhar à França depois de 2-0 de 1975 em Paris. Por sinal, um jogo que a RTP, a preto e branco, transmitiu em directo num sábado à tarde e que eu lembro de ver mas a RTP, afinal, não tem memória porque aquela gente de desporto e futebol sempre falhou a missão e sempre emporcalhou a emissão.
 
Digo ainda bem que veio derrota, porque nem se imagina se vencesse o forrobodó que seria com os louvaminheiros do costume ansiosos por não perderem outra fase final para as figurinhas da treta a servirem-nos a hora a que os jogadores lavam os dentes e descalçam os chinelos antes do almoço. Ouvimos o tradicional "elogio aos jogadores" e a proverbial "atitude", mas faltou intensidade em que levámos goleada da França e codícia na área em que não houve espaços para rematar como os concedidos aos franceses na nossa área.
 
É que na sequência da última vitória com a França, Portugal teve um jogo fundamental na qualificação para o Euro-1976, jogando em Praga para perder 5-0 com a Checoslováquia...

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