15 julho 2014

O FC Porto: muito bem mas uma dúvida

Passou o Mundial e o FC Porto já treina na Holanda. Tenho seguido tudo muito à distância e sido surpreendido com as contratações. Mas estou agradado pelas impressões que me causam os nomes contratados, o último Adrian com uma surpresa total, já não diria o mesmo com o joem Oliver Torres e muito menos Cristian Tello que já antes de chegar Lopetegui se pressentia nos rumores sobre o futuro do FC Porto a reconstruir do nada.
 
A metamorfose da equipa será substancial, para não dizer total. Isto no papel e seguindo eu tudo isto muito à distância e com bastante atraso sobre as notícias do mercado. Gostei de Lopetegui, como do que era suposto vir a seguir e vaticinei: aproveitar o melhor possível a formação espanhola, o Visão 611 foi o fiasco já morto e enterrado. Com ele, o seu mentor Antero Henrique, perde agora protagonismo, mesmo que vá a Espanha buscar jogadores, meio director-geral para o futebol, meio empresário... A verdade é que os reforços, claramente, são ditados pelo treinador, parece não haver a mínima dúvida. Não há palpites de alguns iluminados da SAD, a começar pelo inefável d.g., que julgam perceber de jogadores ou vão metendo nos negócios algo mais do que os interesses do FC Porto...
 
Porém, faltando ver como será a equipa não só nesta fase de preparação mas na competição a sério que tem uma eliminatória da Champions para superar, há uma dúvida que me assalta: com jogadores emprestados, como Oliver Torres e Cristian Tello, serão estes os que estarão a 100%  com a cabeça no FC Porto, como exigia Pinto da Costa? Espero que o elemento aglutinador que será Lopetegui o consiga e que os espanhóis, jovens que saíram da formação do Atlético e do Barça, não tenham saudades de casa, da família e um desejo de dar um salto lá à terrinha de onde vieram com a proximidade que tanto atrai - uma fatalidade que fez fracassar vários portugueses que passaram a fronteira para jogarem e treinarem até em Espanha.
 
Se se mentalizarem que o FC Porto é um óptimo trampolim e uma certeza nas suas carreiras, confirmarão o seu profissionalismo e a aura de categoria com que vêm justamente rodeados. Adrian Lopez, a mais cara transferência paga pelo FC Porto, ao que ouvi no domingo, por 11ME por menos de 3/4 do passe, já não será o caso, mas trata-se de um belo jogador e um avançado lateral, que não joga fixo no meio ou sequer seja um homem de área, ao jeito de Lisandro Lopez e que pode valer ouro. Não se sabe se Jackson fica, mas se ficar teremos uma dupla de avançados ao jeito de Domingos-Kostadinov e uma forma de jogar e de atacar que marcará uma diferença profunda em relação aos últimos 10 anos, talvez, e o puro 4x3x3 que fez marca no Dragão. E nem estou a contabilizar o resto da equipa, apenas os nomes sonantes que terão de fazer a diferença após uma época sem um nome sonante e com uma equipa divorciada do seu avançado de eleição tão desaproveitado e desacompanhado também por um treinador medíocre precocemente contratado.
 
Parece que Mangala também sai e por preço recorde, pelo que há que estabilizar a defesa tão permeável na última época. Mangala era um portento físico mas ainda imaturo e algo ingénuo, capaz do melhor e do pior, mas o eixo defensivo precisa de outra autoridade e não será fácil consegui-la, conquanto Rolando tenha voltado mas sem nunca ter tido a aura de patrão do sector em que entrou sendo supervisionado por alguém como Bruno Alves. Afinal, soube ontem que voltou para não ficar: sobra um problema dos muitos antagonismos criado pelo inefável director-geral - mas a culpa deve ser do jogador...
 
Resta saber, ainda com o mercado em aberto por muito tempo, o que será de Jackson: fica ou sai? O Mundial poderia ter imposto a sua venda obrigatória, mas Pekerman optou por piores opções nunca justificadas no Mundial com a Colômbia, como esse fantasmagórico Teo Gutierrez que parecia o Jackson do FC Porto dos últimos meses, divorciado da equipa e uma não referencia em campo.
 
Posto, então, que Pinto da Costa confirmou ter absoluta confiança no treinador que escolheu, como já observei, esperemos que os que ficam no plantel fiquem mesmo a 100% e só pensem no FC Porto. Sinal de que poucos pensavam assim nos últimos tempos e decerto não foi só na malfadada época finda que marcou a pior da sua presidência. Já noutras épocas isso seria notório mas o equilíbrio foi conseguido e os títulos disfarçaram muita coisa. A mediocridade destapou-se no FC Porto e parece que chegou a hora de o presidente mandar mesmo e o resto da maralha deixar-se de diletantismos e devaneios que de fora se perceberam ser o cancro da gestão desastrada do futebol portista. Era o que se pedia. Agora pedem-se títulos. E bom jogo.

Pode ser uma nova época de viragem. No FC Porto e no Benfica: parece claro que o Benfica vai desbaratar a sua equipa, vai-se desfazendo aos pedaços, grandes jogadores saem a preço de saldo e não estariam a 100% na Luz porque o Benfica não é o que se apregoa. Já tinha sublinhado que o título do Benfica saíra muito caro, um plantel dispendioso que deu troféus mas não poderia durar muito mais. As vendas teriam de ocorrer, ou por cobiça dos seus valores ou por pressão dos jogadores para saírem, como Matic a meio do ano. Tal como o Benfica beneficiou do desinvestimento do FC Porto, agora o FC Porto pode aproveitar o desmantelamento da equipa de Jesus. Apesar de o técnico se manter na Luz, o que é sempre benéfico porque o trabalho já tem uma sequência. Não sucederá a estupidez que se instalou no FC Porto, a perder jogadores e o treinador bicampeão, mas sem dúvida que o Benfica já perdeu e poderá ainda ser desfalcado de mais alguns dos seus principais jogadores, como Gaitan e Enzo Perez.

O FC Porto em contraciclo face ao Benfica para abrir outro ciclo de vitórias?

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