08 fevereiro 2014

Dos melhores

 
Também aceito essa leitura das coisas e não me repugna que o FC Porto fique de fora do lote das melhores.
 
Porque nem aceito que se considere o FC Porto uma equipa. Não regateio que os jogadores não se batem, não lutam, não procuram fazer o melhor, não tentam ganhar. Admito, sim, que não estão preparados para isso, para jogarem melhor, para ganharem mais, para se assegurarem que fazem o necessário para ganhar cada jogo.
 
Conviria definir bem o que é uma equipa, para lá do espírito dentro dela, que não falta ao Porto, e do que os seus componentes têm em si. Nunca duvidei disso, a não ser na eliminação na Académica na época passada, em que culpei exclusivamente os jogadores que não actuaram por si e como equipa.
 
Uma equipa é sempre maior do que a soma das partes. Esse acrescento é que faz os campeões. Porque muitas equipas, boas que sejam, melhores que sejam, são-no efectivamente, mas nem todas podem e têm condições de ser campeãs.
 
O FC Porto não tem condições de ser campeão porque não é uma equipa onde se nota que tem mais do que a soma das partes que a compõem. Uma ajuda a essa soma à equipa é o treinador e Preocupações Fonseca, comprovadamente, destruiu a forma de jogar do Porto, independentemente dos jogadores que tenha, e uma forma de jogar que intimidava os adversários sem precisar de lhes bater.
 
O futebol portista era demolidor e deixou de ser, descaracterizou-se, cada jogador ficou pior individualmente e o total, para a equipa, ficou bem abaixo de uma normal soma das partes de cada um, do contributo que cada jogador dá.
 
Neste momento, e vimos frente ao Estoril que o Estoril é mais equipa do que o FC Porto, ainda que não seja necessariamente melhor e esteja uns pontos (nem são muitos) atrás, o FC Porto não é uma das melhores equipas porque não é mais do que o somatório das suas partes com aquele acrescento que fazem os campeões, ou de forma intercalada, os líderes do campeonato.
 
Como estão todos a jogar pior, cada um por si, sendo incapazes de jogar direito e certinho em 90 minutos, o valor do FC Porto é inferior ao que poderá designar-se como equipa.
 
A desilusão é evidente, até na cara dos jogadores. Não são liderados, não são instruídos, não obedecem a uma estratégia, não percebem o sistema, muito menos o modelo, de jogo, estão entregues a si no campo, é ao Deus dará. Não existe treinador, só existe Produções Fictícias.
 
Nenhum adepto acredita cegamente que o FC Porto pode ser campeão. Nenhum, que eu tenha notado.
 
Depois de meses a fechar os olhos, sendo ceguinhos de todo, em O Jogo já perceberam que isto não vai lá.
 
Na crónica do jogo de 4ª feira com o Estoril, André Viana disse isso mesmo com todas as letras: o FC Porto está em todas as frentes (enfim, desviado da Champions mas ainda na Europa) mas ninguém acredita que possa vencer o que quer que seja. E concluiu, mais ou menos assim:
"A equipa que Paulo Fonseca imaginava que tinha não tem".
 
Lapidar.
 
Em Lisboa, sem convencerem por aí além, estão de barriga cheia quanto aos dois primeiros lugares. Para já, estão na frente, não acredito que sejam as melhores equipas. Um FC Porto normal seria melhor e, bem orientado, estaria na frente. Há um ano eu não tinha dúvidas que o FC Porto seria campeão. Nem tinha dúvidas que seria campeão sem derrotas. Há um ano, sem soluções, com um efectivo total inferior ao do Benfica como também eu via, tinha confiança absoluta na equipa e nunca a perdi. A equipa era mais do que a soma das partes, infundia medo nos adversários e o Dragão ajudava com o medo cénico e não com 10 mil espectadores. O treinador ajudava a que a equipa fosse muito mais do que a soma das partes.
 
A diferença é essa. E não é pouca, embora muitos não notem. Até pascácios portistas não percebem, nunca perceberam como a equipa funcionava (bem) antes ("atrás de mim virá, quem de mim bem dirá") e pensam que vamos obter resultados diferentes com a mesma pasmaceira, sem mudar nada.

Espero que seja amanhã o último jogo do Produções Fictícias no FC Porto - e nem torço para o Porto perder a ver se se manda o gajo embora. Afastá-lo será um acto piedoso para o treinador e um alívio extraordinário para os adeptos. Pensando que, mesmo aos trambolhões como nos últimos jogos em casa, o Porto ganhe ao P. Ferreira, e beneficiando da perda de pontos do "desportivo", do "recreativo" ou de ambos, melhoram as hipóteses de ganhar o campeonato se, e só se, trocarmos de treinador.

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