10 dezembro 2013

Sem Mourinho com Heynckes a meio gás e sem Jesus mas com Klopp

A estúpida, bacoca, serôdia e patrioteira Imprensa tuga já começou a revelar, ontem, que Mourinho não está entre os "3 melhores treinadores de 2013". O que faz sentido, o que é real e justo, mas não é explicado às criancinhas sem que os adultos ajudem se souberem e puderem.
 
A razão de Mourinho não estar explica-se, em contraponto, por Ronaldo estar (com Ribéry, o melhor de 2013, e Messi, o segundo melhor de 2013). Mas "isso agora não interessa nada", como diz a louca outra. Mesmo assim, a ausência de Mourinho, tida quase como natural, não ganha relevância por Ronaldo estar presente nos finalistas do "FIFA award" de 2013. E tem justificação.
 
Disse-o sem rebuços que Ronaldo faz mais falta ao Real Madrid do que Mourinho. Mourinho só fez de relevante no Real Madrid o acirrar de ânimos "contra" o Barcelona, por recalcamentos antigos sobre não o terem aproveitado no Camp Nou, onde "cresceu" como treinador à sombra de Robson e, em especial, de van Gaal. Mourinho que foi "suplantado" por Guardiola, o que mais azedou o recalcamento de Mourinho contra os catalães apesar de a realidade, a história e todos os êxitos e honrarias acumuladas terem justificado a opção de Laporta por Guardiola. Mourinho virou toda a Espanha contra ele e acabou a lamentar-se que a Espanha "tem ódio aos portugueses". Ronaldo já o desmentiu, porque Ronaldo percebeu que Mourinho não melhorava a situação e ele, no campo, continua a mostrar e a dizer "eu estou aqui, caralhoooooo!". E bem, Ronaldo é um grande e é à sua sombra, impagável, que o Real Madrid tem vivido, com um treinador Ancelotti que o procura rentabilizar e tenta pôr a sua equipa a jogar sem ser "contra" o Barcelona, sem ser com "mind games" inócuos e pantominices e fantochadas diversas que Mourinho protagonizou.
 
É evidente que Heynckes terá de ser premiado como o "melhor do mundo", seja lá o que isso for, reconhecendo-se o vencedor do campeonato e da taça da Alemanha e o campeão europeu. Tudo isto um ano depois de o Heynckes, com o Bayern, ter perdido esses títulos, os caseiros para o Borússia Dortmund e a coroa europeia para o Chelsea (não de Mourinho, nem por sombras) com muita infelicidade mas mesmo a jogar em Munique a final de 2012.
 
Como é que Heynckes será consagrado, à frente de sir Alex Ferguson, despedindo-se do United com mais um título doméstico do género que ele diz serem comprados no supermercado noutras latitudes, e de Jurgen Klopp, o eterno vendido desta vez, eliminado da Taça pelo Bayern, vencido em Wembley e largamente superado na Bundesliga onde os seus recordes pelo Borússia foram pulverizados pelo Bayern um ano depois.
 
Em 2012, Mourinho insurgiu-se com a FIFA por del Bosque ter sido eleito o melhor do ano. "Trabalhou meio ano", argumentou Mourinho, face ao êxito da Espanha em (mais um) título europeu na Ucrânia ("só" com 4-0 à Itália na final de Kiev!!!). A "Roja" teria a "culpa" de 2012 apenas dedicar o ano ao Europeu e, daí, Mourinho achou indigno que se elegesse D. Vicente del Bosque, cujo trajecto incluiu o inédito título mundial de 2010 e a defesa do ceptro europeu de 2008 (então com Aragonês), numa Espanha fifty-fifty entre Barça e Madrid mas com o estilo catalão intacto e incólume a que os de Madrid tiveram de submeter-se.
 
Mourinho sai a perder mas a Imprensa tuga dará hoje pouca relevância a isso, mesmo que seja a primeira vez que Mourinho estará fora do pódio e cujas atitudes de desrespeito e falta de sentido democrático, e de decência intelectual até pela sua própria imagem que delapida constantemente sabe-se lá por que conselhos e assessores sem Palmarés, levam ao descrédito que hoje é palpável. Who's the Happy One?
 
Da mesma forma, por oposição, como é que Klopp aparece e Jesus desaparece? Ambos perderam tudo e era difícil perderem mais. O B. Dortmund perdeu sempre em compita com o Bayern (0-1 na Taça nos 1/4 final), mas o Dortmund emergiu na Champions e chegou à final vergando com goleada (4-1) o Madrid de Mourinho. Jesus perdeu tudo, incluindo a final para a qual acedeu com sorte (nove bolas nos seus postes em meia dúzia de jogos e arbitragens vantajosas aqui e ali) e uma vergonhosa repescagem que a UEFA garante aos desamparados da Champions.
 
Da mesma forma, Alex Ferguson aparece graças a meia época em que, de Janeiro a Maio, levou o Man. United ao 20º título inglês, o que já nem é recorde porque antes superara os 18 títulos do Liverpool.
 
Repare-se que Klopp aparece perdendo tudo e Diego Simeone não está apesar de ter erguido o Atlético de Madrid na Liga espanhola, perdendo o ceptro da Liga Europa (apesar de alargar a 16 jogos a invencibilidade colchonera na Europa, o que é recorde), mas ganhando a Taça do Rei em Chamartín ao Madrid de Mourinho e recuperando no marcador em casa do rival.
 
Heynckes, mesmo em "meia época" só pode ganhar, da mesma forma que Ribéry, a que à "tripla" de 2012-2013 juntou mais uma grande exibição, um golaço fenomenal e a conquista da Supertaça europeia em Praga (ao Chelsea de novo "de Mourinho"), em princípio só poderia ser considerado o melhor de 2013.
 
Em que ficam Messi e Ronaldo? No mesmo patamar dos treinadores restringidos ao pódio da FIFA. Messi venceu o campeonato e marcou 47 golos (46 para alguns) na Liga espanhola, mais 12 do que Ronaldo (34). Ronaldo não ganhou nada em 2013, apesar de ter somado créditos que o fazem indispensável ao Real Madrid, como hoje se comprova e eu cedo defendi, ao contrário de Mourinho.
 
Mas o futebol pensado assim fora das quatro linhas não deve ter muita lógica. Lamento por Ribéry se vier a perder o ceptro para o qual mais justificou e contribuiu para ganhar depois de tanto que ganhou.

 

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