18 agosto 2013

Meca a Norte e um Kintero na esteira de Kelvin

Apenas flashes da estreia do campeonato em que, apesar de as manchetes se dirigirem a quem marcou pontualmente mais golos mas contará pouco para o título, descobri que, sim, existe uma Meca ali perto de Paredes de Coura e, acredito, para a qual todos os aficionados da bola se virarão esta época, mercê da capacidade e força demonstradas pelo FC Porto no Bonfim.
 
Pelo caminho da esterqueira que percebi ser o famoso festival nos confins do Norte do País, onde porventura a malta da cidade não se queixará para vir a protestar coisas menos anódinas nos seus burgos seguramente mais civilizados do que os "acampamentos" ao som de um pretenso rol e menos rock, lá passei perto da Meca, fui em busca do Alvarinho e acabei o dia a ver a vitória do tricampeão que promete uma média de três golos por época.
 
Soube que o Benfica perdeu onde há uns meses praticamente festejara o título por antecipação e à hora desta escrita temporária não vi golos para além dos de Setúbal. Por sinal, embora pouco diga ao tricampeão, aquele (Ramon) Cardozo dos sadinos deu-nos água pela barba e nem sei em que modas pára o outro que leva um Óscar iluminado pelos louvaminheiros da capital mas é uma espada de Dâmocles na cabeça do fariseu transformado em santo.
 
Achei, de resto, curioso o sistema portista, ou do novo treinador, quando muitos se entretinham em saber se era assim ou assado. Foi praticamente um 4x4x2, Mota fez com que Lucho ficasse longe do apoio a Jackson e Licá teve de fazer mesmo de ponta-de-lança de apoio, lateral, que é o que lhe está no sangue, enquanto Josué foi mais interior do que extremo, à falta de Varela. Ou seja, a realidade dos jogos demonstra-nos coisas inauditas até o ritmo de competição assentar. Se Paulo Fonseca preconizava um jogo de "interiores" foi obrigado a isso, à falta de extremos puros e por os sadinos defenderem em profundidade, bem posicionados atrás e com as laterais cobertas. É daquelas coisas que se torna irrisório discutir na pré-época e o jogo do Bonfim demonstrou-o cabalmente. O resto do campeonato vai ser mato, assim, com defesas porfiadas e mais nada.
 
Ora, o jogo complicou-se pelo golo sadino no primeiro remate à baliza, acontece a muito boa gente, e porque se havia noção de saber e de estar nos locais faltava a noção de posicionamento no FC Porto. Para ilustrar, como epítome, a falta de marcação de Danilo a fechar no meio concedendo espaço para golo na ressaca. E todo o resto a falhar na ligação ao Jackson, por mérito sadino e por o pensado 4x2x3x1 não existir. Por não haver o elo a ligar a Jackson e por o tal duplo pivot não existir, como se isso fosse primordial a ver o sistema dito de Paulo Fonseca. Foi como teve de ser e não como era falado antes.
 
Pode ainda haver as sacrossantas discussões de arbitragem e muito haveria para falar do tal liner Santos que, diria Jesus (sobre o golo de Maicon...), só não viu um golo portista "porque não quis"... Mais o penálti, mais a expulsão do empertigado Kiesczek, mas se quisermos focar no jogo, como sempre, perceberemos que a vitória portista é justíssima e devia ter redundado em goleada. Já quanto ao jogo e o sistema que teve de acontecer, faltou mais posicionamento do que a percepção de como a equipa queria jogar de início, sendo forçada ao tal 4x4x2 de improviso quebrado, depois, pela entrada de Quintero que abre um outro capítulo de análise.
 
Pois se acabámos o outro campeonato sob o signo de Kelvin, este começa com Kintero ou Quintero, que deu dois toques antes de um pontapé fulminante para o 2-1 numa jogada de simulação, drible e tiro que já vimos em escassos apontamentos do moço colombiano. Um canhoto milagroso e poderoso que só não fez terminar o jogo porque o soberbo Setúbal, seguramente a voar alto esta época, mesmo com 10 não se rendeu. Jackson, assistido por Josué, acabou com a história de 30 anos sem perder no Bonfim e quase metade deles a ganhar sempre nos últimos lustros.
 
É curioso que chego ao fim sem saber com quem jogará o único rival para a estreia do tal canal que nem no Irão conhecido de Toni. É que, sem querer, descobrimos uma Meca onde menos esperamos... E destas coisas, a mim, é que cabe a surpresa do momento.

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