19 março 2013

Os recursos

Uma gestão tem de saber lidar e explorar os recursos à disposição. Em Janeiro abordei o tema do regresso de Fucile e da razoabilidade e o dever de ser aproveitado. Independentemente dos amuos da época passada, tenha sido sabático ou inútil um ano no purgatório mesmo chamado Santos, Fucile além de activo é um jogador com qualidades e conhecedor do FC Porto, multicampeão e com fibra.
 
Tanto incompreendi a sua ostracização após o regresso como nem sabia se ainda por cá andava. Parece que sim. E tem feito falta, no sentido de poder ajudar, sendo claro o desgaste nos defesas-laterais brasileiros e que o uruguaio poderia jogar em qualquer dos corredores.
 
Este é um sinal do reconhecimento do fracasso da gestão, e estruturação, do plantel. Um tiro nos dois pés, considerando o jeito para Fucile jogar à direita ou à esquerda. É esta (i)responsabilidade que deve ser considerada e não o facto, pontual ainda que reincidente em breve tempo, de duas grandes penalidades falhadas terem ditado a distância de quatro pontos para a liderança e que, por si só, nem justificariam tantas críticas que os precipitados e lunáticos do costume vociferam nestas ocasiões, muito menos a recepção ingenuamente calorosa à equipa à chegada da Madeira, obviamente feita por tolinhos que de futebol percebem pouco e de desportistas não têm nada.
 
O episódio-Fucile, na origem do seu afastamento ditatorial decretado há um ano, de resto remete para o murro no banco de Álvaro Pereira na época passada em Braga, ditando depois o seu afastamento cumpulsivo e a saída intempestiva no final da época. Não sei se Varela, com um murro no banco no Marítimo, terá o mesmo destino disciplinar mais do que contratual. Pois por aqui também se vê como se gerem os recursos, com arbitrariedade e discricionariedade, que é a missão da "estrutura" que tem por conta o plantel, do treinador aos jogadores e das opções de vender ou desvalorizar os activos.
 
Só o acerto destas considerações internas permite avaliar se a força moral inerente é suficiente para a remontada tornar-se possível. Este pode ser um primeiro passo. Tardio, mas importante. Se resultar no que todos queremos, contudo, será mais um aspecto negativo a ser deitado para debaixo do tapete em nome do título, que todos desejamos, muitos ainda crêem mas não pode ser o suficiente para voltar a esconder-se os defeitos da "estrutura". Um motivo tanto de incentivo como de reflexão, um e outra sempre importantes de ajuizar no decurso de uma longa época de muitas vicissitudes que os títulos obtidos no final devem evitar servir como biombo.