22 novembro 2012

A incrível história do Rangers liquidado pelo Fisco por uma dívida inexistente - que implica Capucho e Pedro Mendes mas veremos se decide melhor do que no caso Boavista

Não é um tema de fácil apreensão e conhecimento dos factos e termos, até pelos nomes e conceitos próprios de além-Mancha, mas a extinção do Rangers FC tornou-se uma história difícil de acreditar e seguramente pouco ágil de lidar pela limitada Imprensa tuga que decerto não apanha metade disto que o Daily Record conta na Escócia. Leram algo sobre isto que começou há dias?
 
Basicamente, um tribunal competente acaba de dar razão, por 2-1 na votação do júri, ao Rangers por não dever nem 40M de Libras, nem 80M de libras com multas e juros, ao Fisco escocês (Her Majesty Revenue and Customs acaba por reverter em favor da Rainha Isabel e do Reino Unido de que a Escócia ainda faz parte). Apenas pagaria, quando muito, 2 a 5M de libras de multas pelo usufruto de um esquema de compensação de pagamentos ao seu pessoal do futebol profissional - um esquema chamado Employee Benefict Trust (EBT), algo vulgar na Grã-Bretanha - que o Fisco considerou ser fuga por achar serem pagamentos ilegais. O Tribunal diz que não são ilegais, apenas empréstimos a jogadores, técnicos e dirigentes. Entre eles, Capucho e Pedro Mendes, ex-portistas que passaram por Ibrox.
 
Em resumo é isto, mas sabe-se que a saga persecutória contra o Rangers pelo fundamentalismo fiscal levou à extinção do clube e ao recomeço com nova identidade no escalão mais baixo, a III Divisão escocesa. Se souberem um mínimo de inglês pode não bastar para acompanhar a saga, o que será normal na exdrúxula capacidade de assimilação do mundo pela Imprensa cá da parvónia, porque é preciso uma bagagem de conceitos fiscais para alcançar o fundo da história. Ficam links e uma conclusão básica:
 
"Rangers, we know, were stricken, taken down by a fantasy tax bill. They were declared guilty before trial.
Rangers, as a brand, was tarnished because HMRC said they owed tax on EBT payments which the club had always argued were loans. Yesterday two of the three judges agreed. So HMRC, who had insisted an initial tax and National Insurance bill of £37m, which climbed to £87m, be paid, were left with nothing. They say they’ll appeal but it could be argued they’ve caused more than enough damage.
Besides, even if they’d won their case yesterday they still wouldn’t have got anything out of the Rangers they had pursued. They were forced into liquidation, remember.
And the real bottom line in all of this? Rangers’ closure was all so unnecessary and the turmoil and upheaval caused could have been avoided. Despite accusations Rangers did nothing wrong. Pity the same can’t be said of all those self-proclaimed experts, bloggers and journalists.
Rangers will be clobbered they had said. The verdict will be damning. Rangers will be shown up as cheats, they squealed".






Recebimentos considerados pagamentos ilegais de dois portugueses no Rangers:
Nuno Capucho £970,000 . Portuguese winger who arrived in 2003 for £700,000.
Pedro Mendes £1million . Portuguese midfielder joined in 2008 for £3million. Joined Vituria Guimares in 2010.


 
No tocante a dívidas ao Fisco, não há dúvida que em alguns países as coisas fiam tão fino que se perde a noção da realidade. Em Portugal sabe-se que já se valorizaram papéis de jornal como acções... Na Escócia incrementaram taxas sem pouparem uma das grandes instituições desportivas do "País".
Não há aí muita gente a pedir Justiça séria para castigar prevaricadores? Ou só o Vale e azedo é ladrão e não vincula a instituição?

De qualquer modo, como resumo, fica esta síntese com o essencial e algumas questões por responder, por exemplo a hipótese de Capucho e Pedro Mendes terem de vir a pagar o que receberam "por fora", se entretanto chegar uma carta do Fisco escocês a suas casas. Ver aqui o ponto da situação.

É  certo que ainda há recursos e nada está decidido, mas pelo menos percebe-se o limite do fundamentalismo e tem-se a noção de nem todos quererem uma justiça a régua e esquadro - especialmente se for com o nosso clube...

Por fim, a Escócia pode ter um CASO BOAVISTA em mãos, de natureza sancionatória diferente, resta saber se e quando vai lidar com o assunto de uma forma eficiente e para delimitar mais os danos causados. Acho que voltaremos a ter vergonha do futebol em Portugal jogado nas secretarias e tribunais. Justiça, em suma.

Como a Imprensa (fez no CASO BOAVISTA, mesmo dos apaniguados e dos que afiançam lutar pela causa da Verdade Desportiva e até se dizem amigos do clube do Bessa!...) perceberá tudo isto cá na parvónia é um mistério. As consciências sossegadas nos seus mister(ios) não vão dizer nada, seguramente. Escócia, o que é isso?!...