15 maio 2012

Animar o Destino num Porto que sofre coroa o título portista

Habituados a ganhar, os adeptos do FC Porto nem por isso deixam de ser exigentes. E com um crescente universo de apoiantes aumenta, em correspondência, a diversidade de opiniões e do sentir portista. Não conheço gente mais exigente e com sentido crítico, comparativamente a benfiquistas e sportinguistas, só para dar exemplos que nos são próximos ou do dia a dia, porque estão a léguas em tudo quando se toca a olhar o FC Porto com os rivais. Roça talvez a paranóia, a mesma que é vista nos rivais pelo conformismo e idiotice complacentes nos seus clubes.
Amiúde, contudo, não partilho das mesmas críticas, sem deixar de ter a exigência máxima. E começo por ser crítico com a estrutura profissional do FC Porto. Obviamente é a melhor no panorama doméstico e não perde muito para clubes de maior nomeada no panorama internacional. E não reclamo a perfeição, por impossibilidade humana e técnica. Daí não pedir a Lua, nem quero ser o melhor do mundo e arredores, apenas desejo ver o céu sempre azul.
Enfim, de uma forma geral continuo a focar-me no que se passa no campo, até por crescerem motivos para me defraudar com o que se passa fora dele. E é no campo que o FC Porto tem comprovado a sua capacidade, com técnicos e jogadores de primeiro plano - e são esses e só esses que fazem mover os adeptos. Fora do campo lamento a pouca afirmação do FC Porto ou o sair a terreiro de forma desastrada ou nem sequer sair a terreiro, como tem acontecido no âmbito da Liga.
Sobre o alargamento e a Liga tenho a opinião formada há muito mas não é momento para recapitular tudo neste domínio.
Como não vivi as últimas emoções do campeonato nem assisti a qualquer coisa pela tv, só ontem espreitei uns jornais de domingo. E retive a mudança do moto que os portistas vêm interiorizando. Deixou de ser "Vencer é o nosso destino", nem que momentaneamente. Numa feliz subtil mudança, o cortejo pela Avenida dos Aliados, vi em capa de jornal, trazia o motivador "Vencer é o Vosso destino".
Gostei, sinceramente, e é isto que me toca mais profundo. Porque já ando nisto há 40 anos desde o meu primeiro jogo nas Antas que aqui evoquei em Março passado.
E caiu-me bem, passando a bola dos campeões dos relvados - mesmo que em cima de um autocarro engalanado - para o público que se apaixona por eles. Eu, que nunca fui para a Baixa do Porto festejar, lembro-me de uma foto do JN de 1978, com Fernando Gomes e António Oliveira empoleirados na Avenida dos Aliados num camião, mas de caixa aberta e misturados com o povo.
Essa forma genuina vai mais com o carácter da nossa gente. Daí, aliás, ter-me comovido ao ouvir na rádio do carro que Pinto da Costa tinha cantado, creio ser inédito, numa recepção na Afurada: "Campeões, campeões, nós somos campeões!" e os "Filhos do Dragão".
Aliás, a terminar, confesso-me surpreendido, positivamente, pelos efusivos festejos por este título de campeão nacional. Salvo aquelas épocas de levar tudo à frente, com festas sucessivas que impedem que de cada troféu se faça uma festa de dias seguidos, ou o momento raro do título de 1978 ao fim de 19 épocas de jejum, não recordo um título tão continuamente festejado, o que significa a importância e também a dificuldade do triunfo em 2011-12. Porque as dificuldades eram sentidas e antevistas no início, apesar de escaparem à compreensão do comum adepto que julga ser fácil e adquirido ganhar e, pior, quando se trata de ganhar, ganhar, ganhar e ganhar. Algo que faz a inveja dos detractores e aziados comuns na valeta geral das iniquidades lusas.
Como custa muito mais ganhar repetidamente do que ganhar uma vez só, e que mais uma vez os rivais desconhecem, percebo tão constantes e efusivos festejos, partilho essa alegria, espero mais para o ano e, sem deixar de ser exigente, tentarei sempre ter o bom senso que falta tanto a quem critica por criticar por muita legitimidade que tenha para dizer a sua asneira e ficar com o seu minuto de fama efémera como qualquer troglodita televisivo. É que há críticas que valha-nos Deus...

Por fim, acho este slogan dirigido à Nação Portista, "O Vosso Destino é Vencer", absolutamente notável por uma razão a coroar este marketing excepcional que me apraz registar.

Sendo certo que o FC Porto TEM DE PUXAR os adeptos e quanto(s) mais melhor e partilhar as suas conquistas, por muito que os trogloditas lisbonenses e os aziados do costume não gostem, NÃO PERCEBAM e até DESVALORIZEM, este DESÍGNIO se não foi pensado assim atinge um alvo prioritário. Ou, como dizem os italianos, se non é vero é ben trovato.

Li, como disse, dois jornais de domingo, ontem: O Jogo e o JN. Foi casual. Como foi casual ter uma notícia no JN a registar 1/3 no Porto de beneficiários do Regime Social de Inserção, cerca de 100 mil em 300 mil subscritores. Se o FC Porto faz a gente feliz, esta gente mais necessitada fica feliz com um pouco de futebol e sente que, apesar das contrariedades da vida, seguramente passageiras, ganha uma nova alma num mundo de dificuldades ao partilhar efusivamente mais um título do FC Porto.

Se mais razão não houvesse, presumindo que uns 100 mil esperaram a comitiva portista saída de Vila do Conde com 23 vitórias em 30 jogos, o melhor ataque e a melhor defesa do campeonato, números incontestados que valem os campeões, os beneficiários do RSI tinham no escape do futebol uma saída esporádica mas feliz para alguma alegria na vida, felizmente à cadência anual que o FC Porto nos permite a todos.
E é este sentimento de portismo - que já nem ligam ao ostracismo idiota e ignóbil da CM Porto - que me impõe estas considerações. Talvez nunca, como agora, a dedicatória do título portista dirigida aos seus adeptos teve tanto significado, tanto desportivo como humano, tanto de solidariedade como de marketing político - não de conotação negativa, mas alicerçado em factos reais de regozijo, benefício e abundância, e não a demagogia de políticos de sarjeta que conduziram Portugal ao socialismo abismo e populismo lisbonense saloio de certos clubes que ganham nos clichés da parolice, coisas que aos pobres não enche a barriga e aos adeptos obriga a verem os festejos dos títulos portistas.
Tenham ou não os responsáveis portistas levado tudo isto em linha de conta, explorando à saciedade este título que me pareceu forçadamente festejado num êxtase que dura há três semanas, a verdade é que cai bem, cai no melhor pano e cai como campeão. O título, para mim, teve mais significado ainda.
É claro que os snobs da televisão e da vacuidade argumentativa, mesmo portistas, dirão saber a pouco mas aplaudem talvez o Galáctico Madrid de Mourinho cujos 500ME de orçamento lhe renderam uma festa tremenda por um título espanhol contra vários troféus perdidos pelo caminho e na compita directa com o Barcelona (Supertaça e Taça de Espanha) que mesmo na Champions esteve muito melhor. (e lá tivemos a Rosa Veloso correspondente da RTP de serviço ao Real Madrid e sem passar uma só vez no Atlético que tem vários portugueses ao seu serviço!)

ACT.: afinal, há uma campanha publicitária em curso, não sei se deram por ela...

1 comentário:

  1. Ontem estive mesmo para mencionar essa publicidade que, a meu ver, esta muito bem conseguida.

    Nesse aspecto, desde o inicio desta epoca temos tido algumas publicidades interessantes, como o lancamento do "Somos Porto", que na altura ainda teve a vantagem de contrastar com os anuncios parolos dos vermelhos, o realce do lema "Este e o nosso destino" e agora com a campanha nacional que alarga horizontes.

    Quanto ao impacto, nao posso julgar, apenas me dei conta desta ultima pelo Facebook...

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