15 março 2012

Os arrotos contra o alargamento

Fui sempre contra a redução de clubes na I Liga. E mais ainda contra a redução administrativa para 16 clubes suportada em teorias e relatórios nunca validados cientificamente a não ser pelas mesmas tretas de agências de recursos que pendem para quem lhes paga as encomendas e palpitam o que lhes dá jeito. As Deloittes e companhias que avaliam muitos dados económicos e falseiam o que for possível, como sucedeu à Arthur Andersen entretanto desaparecida mas renascida penso que como Deloitte (sem relação com a anterior)... fora as implicações económicas em que todos os experts acertaram no vaticínio da recessão na medida que se sabe. Técnicos, teóricos e tudólogos destes dispenso.

Os benefícios de campeonato mais curto não podem ser função de um vector apenas, o de reduzir por reduzir com a ideia de que, automaticamente, há mais dinheiro: há, mas não por se multiplicar, apenas divide-se o bolo por menos gente. A SIC já se retirou da taça da treta que também já não tem patrocinador, banido por monopólio assim a jeito dos direitos televisivos que os clubes aceitam negociar com um player apenas - e este ganhar a pasta a negociar com várias estações...

Fora as implicações da tourada permanente de clássicos quatro vezes ao ano, como se já não bastasse porcaria que chegue em dois por ano para enterrar umas quantas bestas e tantas evidências dos malefícios que tal overdose provoca - opinião que aqui deixei e partilhei em consequência de conclusão idêntica de tanta gente bem formada face ao despautério que foram os sete Barça-Madrid, quatro deles em 15 dias, na época passada.

Para avaliar estas coisas é preciso somar muitas variáveis e não contar com o dinheiro no fundo do baú. E considerar outras experiências, em vez de falar de cor. Os insuportáveis arrufos do tuga Mourinho a perder sempre com o Barça ficaram lendários mas não ajudaram em nada o futebol para além de enterrar a sua soberba idiota e mesquinhês de português mal-educado e mimado em demasia.
Quanto ao reduzir, inventar uma prova estúpida e direccionada para os mais fortes com todos os privilégios oferecidos de mão beijada, parece que os potenciais interessados a ganhar uns extras que nem sempre dão lucro até por jogarem mais fora do que em casa e porventura com viagens e alojamentos a encarecerem a operação, preferem mais campeonato e menos taça da treta, pelo que o factor económico da competição diliu-se. Parece que ninguém percebeu isto até hoje...
Voltando ao princípio, nunca compreendi que os clubes aceitassem bovinamente o conselho político da redução. A não ser por duas razões (para compreender, não que as aceite como ser pensante e politicamente incorrecto): o tasqueiro chegado então à Liga tirava com uma mão e dava com a outra a taça da treta como competição mais estúpida que diz bem da origem da sua concepção e dos mentores; e por termos vivido o regime só cretino que fez prevalecer o respeitinho pelo Poder como era simbólico o Primeiro-Sinistro e sequazes como o Laurentino Kim Jong-il Dias com a tutela do Desporto e as manigâncias ao arrepio da Lei e da Justiça que tiveram o apogeu no caso Queiroz.
Aquilo pareceu-me uma determinação ditatorial. Própria do regime então vivido. Há Democracia? Bem, depende do ponto de vista, mesmo que seja o menor dos males ou o menos mau dos regimes possíveis, porque as alternativas não são aceitáveis, de facto.
E continuando a acreditar, como lhe vaticinei na eleição democrática do novo presidente da Liga, que Mário Figueiredo continuará a somar vitórias de Pirro, logo sem importância relevante e sujeita a crivo político em instâncias superiores como FPF e CSD precisamente sujeitas ao Poder político que dá e tira dinheiros (como se viu com o Laurentino de má memória), vou avaliar de forma diversa do que tem sido feito e demonstrar o que "pensam" os votantes/clubes e a esquizofrenia reinante e o conceito difuso de Democracia nessa república cavernosa do futebol tuga.
À parte das opiniões pessoais sobre a matéria, constata-se que 9 clubes da I Liga (dois votos cada) votaram a favor do alargamento, mais 13 da II Liga (1 voto cada). Deu 31 votos em 48 possíveis,  quase 66% e dizem que isto é uma ilegalidade. Curioso que esta expresão é dada pelo representante leonino que "venceu" as eleições do Sporting da forma que se sabe e com o burburinho que se conheceu. É facto e feio que não se devem mudar as regras do jogo. Mas fizessem a votação no final da época, depois do jogo terminado e conhecidos os despromovidos, e o resultado seria o mesmo e não haveria despromoções e, sim, haveria alargamento. Parece-me um falso problema.

Não sei se gostaram mais da balbúrdia de épocas em que se afundou o Boavista, e salvou-se o Paços, e desceu o Gil Vicente na secretaria para se safar o Belenenses. Há quem prefira assim, com Máfia lisboeta em acção, mas nada disso se compara com uma votação democrática que deve ser respeitada e não adulterada por uma facção que viu perder o controlo de muita coisa e pode no limite perder o privilégio de negociar os direitos tv por sua conta.
Mas não ficamos por aqui quanto à idiosincrasia do futebol tuga, reflexo do que é o País e as suas gentes. Ok, a minoria não concordava com o alargamento. Qual a melhor forma de minorar o efeito do alargamento?
Talvez evitar que isto chegasse ao ponto ridículo de não HAVER DESPROMOÇÕES! Não seria assim? Seria, mas não foi. Estive a ler a evolução da coisa, para ver se percebia e só revela o ridículo de tudo isto.
Então, no menor dos males, devia haver "liguinha", os últimos disputarem a permanência com os candidatos que eventualmente não subissem directamente (ficou por perceber como seria a tal "liguinha") da II Liga. Certo? Errado!
Os clubes, que perderam a votação principal contra o alargamento, deviam votar a favor da "liguinha". Certo? Errado! Foram 13 clubes da I Liga que votaram contra a "liguinha", logo ratificando o alargamento sem despromoções com que supostamente não concordavam!

É isto que não se compreende! Aumentaram os votos dos que, afinal, pugnavam pela não descida automática dos dois últimos.
Os pasquins que li ontem não fizeram estas contas simples. Porque é difícil fazer contas para ver se tudo bate certo. Por alguma razão o outro Primeiro-Sinistro, hoje refugiado na agência respectiva da ONU, dizia que "é só fazer as contas".
Não bate certo nesta gente que não bate bem da bola. Depois dá os arrotos do costume nos tudólogos encartados que "acham" isto e aquilo no "achismo" que é o Portugalório atávico, do funcionalismo público cómodo por ser simplex e cagar-se para quem está à rasca em nome dos que estão instalados e querem manter a vidinha no reino da hipocrisia.
nota: deixei isto escrito anteontem por ter de me ausentar e evito assim falar da extinção desse dinossauro que é a taça da treta e do aborto das equipas B que também deixarão de ter espaço... embora acredite que os políticos vão mostrar que o presidente da Liga, eleito democraticamente, tem uma vitória de Pirro numa eleição com 66% de votos favoráveis ao alargamento. Bom proveito a chafurdar no que sobrar.
Entretanto, o FC Porto cobarde que não denuncia os prejuízos das arbitragens que lhe fazem perigar o título condoeu-se com alguma coisa e fez um comunicado. Isto enquanto o Benfica, votando contra o alargamento, não levantou mais ondas nem assinou voto de protesto como Porto, Nacional e Sporting. Como não gasto cera com fracos defuntos, fui à minha vida...

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