20 janeiro 2012

Os exemplos, as práticas e os personagens

"Estaría de acuerdo si entendiera que en el Madrid queda un resto de autoridad moral para sancionar ahora a Pepe. Pero creo que no la hay, después de que el entrenador-manager le metiera el dedo en el ojo a Tito Vilanova, en otro acto tan repugnante y espaldero como éste, y el club mirara para otro lado. Aún más: consintiera una pancarta impresentable en el siguiente partido.
El dedo de Mou señala el camino, sí. Desde que llegó se han puesto en solfa los viejos valores del Madrid. En realidad los viejos valores del Madrid no eran más que los valores comunes: deportividad, nobleza, respetabilidad... Sólo que el Madrid durante mucho tiempo hizo hincapié en ellos, los predicó. No siempre los cultivó escrupulosamente, es cierto, tuvo deslices, algunos graves, pero siempre hizo prédica de ellos y puso cara de arrepentido cuando los incumplió. Y en sus filas han militado durante muchos años algunos de los jugadores más intachables que he visto, singularmente Pirri.
Ahora se desprecia eso como algo del pasado y el club se macarriza en un proceso acelerado tanto más notable aún cuanto mayor es la ejemplaridad del Barça. Esta vez el Madrid lo ha puesto todo: las patadas y los fingimientos. El Barça ha corregido lo suyo, el Madrid ha adquirido el vicio que su rival abandonó. Pepe los personaliza todos. Pepe y el dedo de Mourinho. Yo esperaría del club que cambiaran esto, aunque sólo sea por marketing, que tanto les preocupa. El marketing vende valores y el Madrid los pierde a chorros. Su imagen empieza a ser muy mala. Y conviene que reflexione seriamente sobre ello". Alfredo Relaño, no editorial de hoje do As.
Não seria possível um director de um pasquim tuga, de Desporto ou não, assumir o que são valores a preservar e identificar os culpados, erradicando de vez as más práticas. Nem que seja por marketing, tão em voga. Em Portugal reina a cobardia, refém da autocensura, impõem-na os directores que se ajoelham perante os clubes e os capatazes que mexem nisto com pinças, não vá o feitiço virar-se contra o feiticeiro.
As tv's tugas, a venderem toda a merda e os jornais a amplificá-la, dentro de casa com mais ou menos segredos, não passaram imagens da pisadela de Pepe. Não, não foi involuntário. Porque já antes de pisar a mão a Messi, Pepe pontapeou, levemente é certo mas intencionalmente, o braço cuja mão iria pisar a seguir. As imagens que correram mundo não apareceram em Portugal. Paulo Bento até pode vir dizer que nem as viu. O que não aparece é esquecido.
Ninguém acredita em Pepe, o madridismo quer mandá-lo embora de vez. Até porque perceberam e não escondem o anterior exemplo de desculpa que pegou melhor quando há 1000 dias parecia desfazer Casquero, do Getafe, a pontapé, como um animal. Agora, claramente, levantando-se o dedo contra Mourinho, mais o dedo dele espetado no olho do adjunto de Guardiola na Supertaça. Que indicou o caminho. Também Coentrão a acariciar Messi no chão não passou despercebido, mas disso nem em palavras as tv's e o periodismo saloio tuga passaram. Não há ninguém acima dos clubes. Nem sequer o segundo melhor treinador do mundo acima do eventualmente segundo melhor clube do mundo. Por isso disse há muito que, se não ganhar a Liga que os árbitros lhe têm garantido a liderança, Mourinho cumprirá a última época no Bernabéu. E em Inglaterra, onde quer refugiar-se e sabe aprender fair-play e respeitabilidade, jamais permitirão a Mourinho estes comportamentos.
Alguns jornalistas em Portugal perceberam que Mourinho meteu três trincos e pôs CR7 a fazer de Eto'o a tapar Daniel Alves. Não foi só no Inter, foi também na semifinal da época passada com o Barça que a táctica pegou. Glorificada quando um árbitro português ajudou o Inter a derrotar o Barça. Compreendida quando aproveitaram a expulsão de Pepe por entrada de violenta sobre Dani Alves que o alemão Stark não perdoou, com os basbaques vociferando que a expulsão "matou" a estratégia cobarde. Agora, como não pegou nem pega mais de uma vez em cem, já ninguém perdoa a Mourinho a cobardia táctica, desculpada desta vez por um golo sofrido de bola parada - aquela que aqui falei sempre e a que os periodistas tugas da adulação serôdia não assumem, por cobardia que estranha mas é entranhada no sistema.
Agora, mais uma vez, compare-se o fulcro da discussão, ética, de valores, de imagem, com o chirivari de um penálti falhado ontem quando se percebe que... não há ordem vinda de cima.
Quando o director do As escreve que esta prática do Madrid já pertenceu ao Barcelona, que por sua vez a erradicou e tornou-se no clube mais amado e afamado do planeta, faz-me lembrar os parolos que para justificarem as porcarias do Benfica se lembram porventura que Pinto da Costa tê-las-ia feito há 30 anos. Os profetas tugas da desgraça são esses, os que marcam a agenda com colunas de pasquim e microfones à fartazana, salvo quando algum do FC Porto mete o pé na argola - Pepe nunca meteu no Dragão - o que tem sido raríssimo de há muitos anos a esta parte e com todo o mal do futebol plasmado nos vencidos de Lisboa - como no derrotado de Madrid.
É mais um exemplo para tuga ver. Como as crianças na Holanda e os posters em Alvalade. Agora a falta de mando no Madrid - que mesmo os clubes do regime criticaram desde que Florentino entregou todo o poder a Mourinho, capaz até de escolher o cozinheiro esta época. Como em Alvalade. Só se combate a demagogia com seriedade. E percebe-se a falta de poder ou um poder sem ordem nem ética.

Até nos tiques compulsivos de sebastianismo do PS na AR se vê como vai a ética, a auto-estima e o valor da palavra e dos actos em Portugal. Na Política também. E, contudo, seja o socialismo da tanga que nos trouxe à beira do colapso mas reage como se o desastre não tivesse a sua (al)cunha, ou a larga e consentida deferência para 14% representativo do eleitorado na AR mas que se desdobra em outros dois partidos mais um apêndice, dito Os Verdes e por uma tolinha desbotada, parece vingar para manter a má prática e a má política.

3 comentários:

  1. Caramba. Um adepto do FC Porto a protestar contra a falta de seriedade dos jornalistas, com a capa d'O Jogo e tudo; o Pato de 2004 foi há trinta anos; os derrotados de Lisboa são derrotados como os de Madrid, por um futebol esplêndido, por um clube que nunca usou dos truques da corrupção - factual, mas não real. Uma autêntica ontologia tuga, Zé Luís. E cá, como lá, a adversidade entre os clubes de Lisboa e o FC Porto - é um confronto cultural, político, linguístico (e, credo, filosófico) - é. O árbitro português que não viu o penalty do Sneidjer não é o mesmo que não viu a bola na capoeira do bairro de Benfica.

    Brilhante. Merecia um estagirita que metesse no papel uma Ética a Antero. Ou ao Reinaldo.

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  2. Panurgo, obrigado, mas nem todos os elogios aceito. Depois, o ângulo de apreciação começando por ser diferente, eu sou apologista, sim, de ganhar e reclamar. Se és um visitante recente, e sabe-se lá porquê, como e donde?, não conheces, digamos, o meu pensamento filosófico, como sugeres neste assunto.

    Logo, sem conheceres as minhas premissas, seguramente diferentes das tuas e nem sequer dependentes de per si dos resultados, não consegues, sequer por analogia, chegar a uma conclusão.

    Se querer chamar incompetente ao Olarápio Incompetência por causa de um pseudogolo na capoeira da Luz que nunca existiu partes de um facto localizado, além de falso, e eu tenho mais abrangência de ver a floresta, além da árvore, para além de não me ficar com casos relacionados com a minha equipa.

    É por isso que, já com larga experiência nestas matérias, estou à vontade para repelir qualquer jogo sujo, mascarado de eventual fair-play que no caso do teu clube não se pratica - como digo no texto e a propósito de Relaño comentar as práticas e protagonistas, cada qual no seu tempo, entre Madrid e Barcelona.

    Para bom entendedor...

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