19 dezembro 2011

Arbitragem é uma questão de honestidade

Pode ser melhor ser o próprio a fazê-lo. Há equipas especializadas que detectam erros com dois meses de atraso, como no caso, flagrante, de Olhão.

Por falar em interesses de Capela, o vigarista no jogo do Algarve que pelo caminho beneficiou indirectamente o Benfica ao afastar três jogadores da Naval para o jogo da Taça com o Benfica, faltam os paladinos da Verdade Desportiva - com o desplante de levar a treta ao Parlamento onde se roubam gravadores e se insulta a inteligência das pessoas todos os dias com betinhos entretidos em jogos florais e prosápia de intelectual de trazer por casa - virem reconhecer a hombridade de Duarte Gomes por se retractar. Com mea culpa ou silêncio puro normalmente acompanhado de apagamento de opiniões e imagens vilipendiadas para fazerem Ligas da Mentira como o Rascord, a verdade é que os resultados não são repostos e os infractores, mais jarra menos areia para os olhos, lá vão fazendo alguns campeonatos parecerem competitivos - basta que um dos de Lisboa não descole do FC Porto para ser um campeonato do caraças, mesmo que todos os outros comecem a ficar muito para trás, o fosso seja cavado só para lá cair a indiferença geral desde que alguém dê luta ao campeão nacional.
Não acho, no caso português, que o profissionalismo resolva a má arbitragem que temos. Pinto da Costa saiu da casca de silêncio a que habitualmente se remete. Casos como o de ontem repetem-se: em Olhão não houve declarações sobre a arbitragem e Vítor Pereira chegou ao flash-interview sem ideia - muito menos o apoio online que Jesus diz ter no Benfica, mesmo que seja para evidenciar a sua palermice a coberto de opinião formada impraticável no tipo do fair-play da treta - sobre dois penáltis negados ao FC Porto.
A arbitagem é uma questão de honestidade, como é para qualquer juiz, como é para qualquer juízo. Pode meter-se dinheiro no problema, mas só enriquece o problema para a polémica. Mas se os clubes assumirem a despesa para o que julgam pagar por um jogo mais limpo e próprio de esperar de juizes acima de toda a suspeita... Um árbitro honesto, tenha apito ou bandeirinha, com ou sem dinheiro, não deixa de marcar o penálti sobre Belluschi. Duarte Gomes pode usar o Facebook para violar o dever de não se pronunciar sobre os casos do (seu) jogo que se lhe cair um castigo será mais por quebrar as regras do que pelo prejuízo que acabou por não causar à Verdade Desportiva.
Se fosse por dinheiro, uma equipa do fundo da tabela lutaria pelo título e o jogador mais banal seria tão concorrente de Messi como Cristiano Ronaldo a melhor jogador do mundo. O dinheiro pode pagar ou comprar competência, mas não melhora um profissional desonesto.

Seria fastidioso repetir a perseguição sistemática de Duarte Gomes, entre outros árbitros, ao FC Porto, até porque já foram escalpelizados muitos dos erros cometidos contra os dragões de há anos a esta parte. É até doentio perceber a razão de tantas asneiras que não podem acumular-se por coincidência. Só por má-fé. Se fosse possível revertê-la passando um cheque, seria a prova - quase diria de corrupção - de o dinheiro só aliviar a má consciência e não melhorar a visão ou a avaliação de muitos lances.
Como o profissionalismo da arbitragem não dá a independência pessoal a nenhum árbitro em Inglaterra, Alemanha ou Itália, a sede de dinheiro seguiria a escalada da ganância. No limite, um grande árbitro deveria, então, ganhar como um grande jogador.

Isso dos árbitros amadores é treta que já não pega. Para o que fazem, as más arbitragens que têm e a impunidade que os protege, os árbitros portugueses têm benesses financeiras que, ao contrário da opinião de Olegário Benquerença, pagam bem os insultos que recebem e os treinos em horário nocturno ou sacrifício da vida familiar.

A eventualidade de um sopapo num centro comercial, lembre-se Pedro Proença, por um consócio desavindo também não desapareceria com o profissionalismo.

E consoante subisse a parada por fora, a recaída tornar-se-ia evidente. Fica a alusão de Pinto da Costa à profissão de certos árbitros e interesses eventualmente incompatíveis, no caso ao funcionário bancário (creio que do BES) Duarte Gomes.
Eu que sempre contestei e não aprecio de todo Paulo Bento, sempre achei que ele definiu bem, uma vez a barafustar a arbitragem num Benfica-Sporting creio que de Pedro Henriques, que um "árbitro incompetente, se lhe pagarem, será um profissional incompetente". Não tenho dúvidas disso. Porque acho os árbitros, além de impreparados mais no aspecto mental do que outra coisa, desonestos - o que justifica a incapacidade psicológica para entrarem em campo, ao ponto de cobardemente não relatarem muitas das incidências à sua frente. E piores ainda os que os avaliam, especialmente com recurso a tv, desaforo maior dos ex para os que estão em campo, em que até desvirtuam o que se vê...
Mas Paulo Bento, o Paulo Bentoinha que espalhava merda por todo o lado, chegou a seleccionador nacional desancando a arbitragem enquantro treinador do Sporting. E Pedro Henriques - em quem Duarte Gomes parece inspirar-se como árbitro - chegou a comentador da arbitragem (O Jogo e TVI) em vez de obter a insígnia da FIFA para a qual nunca teve estatuto, como praticamente nenhum internacional o tem, e que preferiu retirar-se da actividade talvez zangado por não o terem em melhor conta. Já Vítor Pereira, que dá um concerto de apito desconcertante em nomeações, mesmo mal visto pelo sector, acaba de transitar da Liga para a FPF com o pelouro da arbitragem.
Bem pode Pinto da Costa esperar de Fernando Gomes, empossado presidente da FPF, uma acção de prevenção e até de profissionalizar a arbitragem, que a coisa não vai melhorar só por ter saído da Liga onde as coisas corriam da mesma forma, quer com o mesmo Gomes quer com o tasqueiro que o antecedeu e que agora o acompanha na Federação. Como é possível esperar melhor com a mesma gente? E o andar da carruagem, o apoio declarado nas eleições federativas, não acentua a aragem que se respira?
Para chover no molhado já basta a prosápia de basbaques dionísicos ao jeito de algum Rui Prantos. Continuo a culpar a desinformação e a intoxicação mediática, em vez da prática da pedagogia (e a famosa Cultura Desportiva) para a qual se teriam de eliminar os comentadeiros encartados nas tv's, para a forma como se olha os erros de arbitragem: encobrindo uns ou empolando outros por forma a acirrar a clubite instigando à violência que depois se diz lamentar; a mover os interesses dos pasquins, ajoelhados perante os clubes,  para as suas clientelas; e até agitar a mixórdia em nome de audiências ou vendas, catalisador dos humores das bancadas e amedrontando os próprios árbitros da repercussão de certos erros na primeira página.
Ao menos desta vez, ao contrário do sucedido no 0-0 de há três anos (21/12/2008, 12ª jornada), o motorista da equipa de Duarte Gomes não levou nas trombas no Dragão (um funcionário portista foi castigado pela Liga) e até o balde mar se livrou de mais um par de estalos como já lhe terá sucedido. 

2 comentários:

  1. Boas

    o Pedro Henrique abandonou a arbitragem num ano em que foi relegado para a segunda categoria. Foi no ano em ele anulou (bem) aos encornados contra o nacional, na luz, no último minuto por mão de miguel vítor (salvo erro) que daria os 3 pontos para os lados de benfica. Foi cruxificado e nunca mais teve hipoteses. Baixou de divisão e saiu pela porta pequena.

    Este ano acho que vamos ter mais PC a falar em arbitragens e a entrar em polémicas. No último ano AVB entrava nessa luta e dava-se bem. Vitor Pereira parece-me pouco à vontade nesse campo, mas pode ser que melhore. Também já tinha perdido o publico do Dragão mas lentamente conquistando-o novamente.

    Não é normal, no Dragão, o FCP estar a zeros a 10 minutos do fim e não ser assobiado. No sábado a bancada esteve com a equipa/treinador. Isso faz alguma diferença.

    Abraços

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  2. Faz sempre, DD, faz sempre.

    Pode não dar a vitória no jogo, mas dá a cultura de clube em permanência. E ganha-se mais vezes assim. Às vezes sem a equipa dar tanto...

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