09 fevereiro 2011

A gestão Paulo Bento



Os epígonos lisbonenses já tecem loas ao seleccionador mesmo quando perde e a fazer péssimas substituições. Fiz rapidamente zapping pelo cabo e os três canais especiais cá da parvónia, com os paineleiros costumeiros e alguns aventureiros, além de uns títulos nos jornais online, já avaliam como "injusta" a derrota de Portugal com a Argentina que foi melhor, teve mais bola e oportunidades de golo e o Messi capaz de dar a marcar (a di Maria) e a decidir de penálti com categoria mundial - à revelia das opiniões benfazejas de que o nosso é melhor do que o deles.
Fora Cristiano Ronaldo, que esteve ao seu melhor nível e só por isso permitiu a Portugal manter-se no jogo, e não só pelo golo, algo fortuito pela assistência sem querer de Hugo Almeida num "amorti" em lance aéreo que sobrou para o "madrileno", o resto da Selecção Nacional foi uma pasmaceira.
Com a inesperada saída de Bosingwa, por lesão de véspera, a entrada de João Pereira só acentuou o que era expectável e apenas nesta altura permite vislumbrar com clareza: Paulo Bento vai apostar nos "seus" jogadores, nomeadamente os do Sporting ou ex-Sporting, pena já não estar Liedson - outro que seguramente deixa a selecção por culpa de Queiroz... - e Pedro Mendes estar lesionado.
Não se compreende como Carlos Martins, que não é titular no Benfica há meses, ganha lugar no meio-campo. Fosse outro o jogador, fosse outro o seleccionador e fossem as duas circunstâncias coincidentes, cairia o Carmo, a Trindade e o Espírito Santo de Orelha...
E depois de o amigável com a Espanha (4-0), para "vingança" de Portugal ante os veraneantes espanhóis que passearam o título de campeões mundiais num jogo de "solidariedade" pela candidatura ibérica ao Mundial-2018 em que os apáticos vizinhos anteciparam o desastre que seria pouco depois a organização conjunta ante a FIFA, ter sido levado a sério pelos tugas da opinião deslavada e macrocéfala, eis que já se acentua que este amigável com a Argentina era para Paulo Bento fazer experiências. E um amigável, organizado por portugueses na Suíça, para os portugueses da Suíça, com um árbitro suíço amigo e um relvado deplorável prestes a arruinar o resto da época de alguns dos melhores jogadores do mundo! Só faltou dizer que... jogavamos na Patagónia!
Pois... Não se sabe que experiências, melhor: que influências do novo seleccionador tiveram os dois jogos de apuramento disputados e o amigável ibérico de uma equipa só; mas agora teria feito experiências.
Nada, de resto, como experimentar tirar de uma assentada o trio atacante, ainda que Hugo Almeida mostre todas as suas debilidades e saia mesmo quando Portugal nem está a perder, como a sua badalada substituição com 0-0 ante a Espanha no Mundial-2010. Nani não esteve particularmente inspirado e só CR7 esteve mesmo ao nível que todos queremos ver na Selecção, sempre animado com a braçadeira.
Ah, e tal, as substituições... Os argentinos também as fizeram e não se descaracterizaram, antes apertaram o garrote e ganharam com Fábio Coentrão a fazer duas vezes penálti, como gostam de dizer os benfiquistas em lances na área do FC Porto, para o neutral Busacca não ter dúvidas de que era mesmo falta.
E porque jogou Fábio Coentrão até final? Mais: porque jogaram Rolando e João Moutinho os 90', estes e João Pereira os únicos que não foram substituídos?
Por acaso, depois de um mês e meio de dois jogos por semana, Benfica e FC Porto não têm tido estes seus jogadores praticamente sempre em campo e passíveis de serem mais poupados num amigável da Selecção Nacional?
Ou é Mourinho, assoprador das virtudes de Paulo Bento, que merece a consideração de ver CR7 poupado? E decerto pela aura do treinador do Real Madrid, muito elogioso do novo seleccionador, embora Paulo Bento saiba também que manter uma "boa relação" com CR7 é meio caminho andado para não ter problemas de balneário. E sempre é de Cristiano Ronaldo que se pode esperar algo acima da média, já que na média os portugueses trataram de maltratar os argentinos. Decerto, ainda e também, por solidariedade com Mourinho e o "nosso" Real Madrid, já que ninguém se poupou a baixar o pau em relação a Lionel Messi, depois de o treinador merengue se queixar, sem ter eco, de em Espanha ninguém acertar no craque do Barcelona, queixando-se da "perseguição" ao seu CR7.
Em resumo, e fora o amigável que foi mesmo para "experiências" que não se vislumbram, para o futuro creio termos Selecção Nacional para não sair disto, não criar mais nada e nada de novo se esperar dali.
Depois de dois anos de trabalho de sapa a recuperar a Selecção Nacional, está visto que pouco mais há a acrescentar ao que foi feito. É esperar que CR7 resolva - até porque Liedson já foi... Pelo menos nos jogos menores, mesmo aqueles amigáveis que gostamos de levar a sério, mas outros não. Para trás fica o mau desempenho que alguns sublinharam no Mundial. O que de bom ficou só pode ser aproveitado. Mesmo que, aqui e ali, se faça asneira da grossa. Mas para isso lá estarão os epígonos a proteger os interesses do regime lisbonense, longe de atiçarem guerras e suspeitas de favorecimentos entre facções. Presunção e água benta... já o digo desde o início. Porque já se viu que selecção de interesses Paulo Bento é capaz de fazer.
adenda: nem quero falar dos tristes do costume na RTP, o relatador e o outro. Andaram a descobrir se haveria fora-de-jogo de Hugo Almeida num lance em que falha a centímetros da baliza, sem terem visto que a posição irregular, clara, é de CR7 a entrar na área pela esquerda; bem, é como quando vêem jogos do Sporting e do Benfica, nunca há irregularidades, muito menos merecemos perder...
outra nota, externa: o Espanha-Colômbia não seria um amigável de prestígio para levar 70 mil ao Bernabeu, até se compararmos com o duelo ibérico e o motivo da candidatura conjunta para 2018 mas que levou à Luz apenas 25 mil pessoas. Registe-se que a receita era em favor da Associação de Futebolistas Espanhóis. Mas os fundos recolhidos eram para dotar de desfribilhadores todos os campos da Segunda B espanhola. Vale a pena notar a importância que se dá ao futebol, cá e lá.
E ainda, no dia seguinte: além dos delírios orgásmicos da Imprensa Porreiro, Pá, a garantir um risonho e risível futuro de acalmia mediática ao seleccionador, temos Paulo Bento no seu melhor a comentar o que leio apenas neste título http://www.maisfutebol.iol.pt/seleccao/paulo-bento-portugal-seleccao-argentina/1232098-1194.html de que o "árbitro mostrou tendência para um dos lados". Sim, é o velho Paulo Bento, aquele a quem cedo vai estalar o verniz mas a comiseração lisbonense tratará de não provocar mais rachas na tradição... Aliás, a começar pelo idiota útil do (Bo)Ronha, que entende a substituição de CR7 em favor dos interesses do Real Madrid, e não olha para a sobre-utilização de dois portistas, um benfiquista e um sportinguista num jogo... a feijões.

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