09 novembro 2010

Clássico (XLIV) Rousseau explanado no jornalismo de Black Adder

É o que costumam fazer, sem esconder as simpatias.



Há exemplos de como fazer as coisas por outro lado.



Devido ao homem ter tendência para ser parcial para com aqueles a quem ama, injusto para com aqueles a quem odeia, servil para com os seus superiores, arrogante para com os seus inferiores, cruel ou indulgente para com os que estão na miséria ou na desgraça, é que se torna tão difícil encontrar alguém capaz de exercer um julgamento perfeito sobre as qualidades dos outros, Confúcio


A 1ª volta da época passada acabou com todos os atropelos possíveis e imaginários a favor do Benfica, com gritante número de vezes em superioridade numérica por discriminação disciplinar dos árbitros contra os adversários; com múltiplos penáltis e mergulhos ridículos a favor; negando alguns aos opositores; mais umas sarrafadas e tudo, tudo embrulhado como se houvesse ali o melhor futebol do mundo. Ao cabo de 15 jornadas, porém, a liderança era do Braga, mas a ilusão era tanta que, mesmo opinionistas contrários, viam o Benfica líder. E Jesus um profeta a sério. O Mourinho melhor do que o Mourinho, segundo alguns em delírio psicótico.

Hoje, um ano depois de manchetes de Extreminador Implacável, de goleadas e números superiores a qualquer equipa da Europa, de jogadores a peso de ouro, de contratações fabulásticas, de um técnico inclusive resgatado do Braga numa louca corrida desenfreada ganha aparentemente ao odioso FC Porto, chega-se à conclusão que tudo o que vai mal agora se deve ao treinador antes idolatrado. É certo que continua por explicar, não o que correm hoje de menos, mas o que fazia antes correrem demais... tal como queixarem-se do guarda-redes contratado a 8,5ME (também os reforços avalizados a 8,5 e 6ME e reservados com tempo da Argentina) mas a equipa não jogar nem marcar... metade do que fazia na época passada. O "jogar o dobro" da época passada é, agora, o "jogar o normal" da penúltima época, aquela em que se queixaram de 16 pontos perdidos com as arbitragens mas não foi álibi para manterem o treinador das Flores de escrita prodigalizadas também para ele em 2008.

Não há, hoje, as manchetes do género para o FC Porto, que tem números a suplantar também os outros clubes da Europa e jogadores com respeitáveis e porventura inalcançáveis cláusulas de rescisão. Os trabalhos de fundo sobre o crème de la crème, a nata portista, escapuliram-se da maioria dos pasquins. O que faz o trio atacante portista valer mais em golos (22) do que qualquer das outras equipas da Liga, em O Jogo, consegue até ser suplantado na 1ª página pelo V. Guimarães que ganhou em Alvalade - aqui ao menos enaltecendo quem conquista e não, como antes, quem perde e assim assume o favor do mediatismo só porque sim.

Sobram recriminações no Benfica. E não umas quaisquer. Lê-se em vários sítios umas críticas que só podem remontar à época passada, mas foram escondidas ou não convenientemente divulgadas em hora de euforia. O que era um treinador de comunicação simples é hoje um bacoco que não passa a sua mensagem. Quem tinha mão o balneário hoje desentende-se com os mesmos jogadores, pois não é crível que sejam os novatos a contrariar o treinador dado agora como quem põe os nervos em franja aos mesmos que antes eram potenciados pela sua fleuma e carisma então subitamente inventadas. O que resolvia os jogos como mestre da táctica é um puro inventor e falhado. O que tinha a auréola dos grandiosos é hoje um cordeiro a imolar. Depois, escrever-se que Jesus não assumiu a sua quota-parte de culpas, quando o treinador assumiu a aposta de pensar que David Luiz travaria Hulk na esquerda é não só ser falso, como ser tipicamente um moço de recados, de resto tarimbado. Por fim, para quem deu como certo que o FC Porto tinha tentado "roubá-lo" ao Benfica campeão, hoje fala de alegado ou suposto aliciamento.

O jornalismo de trazer por casa, parolo e bacoco, deu lugar ao jornalismo de fretes e recados. Está por aí esmiuçado, dos jornais da especialidade aos genéricos também, tudo o que não pode ter acontecido só agora, em que se elencam as falhas de Jesus, como se fracos laterais não houvesse na época passada, se Patrick e Schafer não tivessem sido contratados e despachados, o primeiro sem sequer jogar... A intermitência de sempre de Aimar (e a de Saviola também de volta ao seu normal), os cotovelos de Luisão (e os de Cardozo, de momento em recuperação...), as faltas do Javi Garcia que continua mais com aspecto de porteiro de discoteca ou defesa de râguebi do que jogador de futebol. Mas Jesus, esse, tem agora todos os defeitos do mundo. O ídolo, o presidente, não pode ser posto em causa.

É muito discutível a teoria do bom selvagem, segundo a qual o Homem nasce puro e bom, a Sociedade é que o modifica e torna-o no animal amiúde pouco social que é. Ser pouco social é basicamente ser desonesto, não gostar dos outros e... fazer as coisas por outro lado. Não acredito, por isso, que quem é competente deixe de o ser no ano seguinte, tal como quem é honesto passe a desonesto do dia para a noite. Acho mais difícil suceder o inverso, que um incompetente se torne válido e um rufia um homem de bem, embora alguns destes o façam crer e mostrar-se assim...

Rousseau explicado aos jornalistas de recados é demasiado pesado para tanta leviandade.

A mesma que leva, no Rascord, rematar duas páginas de flagrante bota-abaixismo - entremeadas com uma crítica a quem conta 30 anos de dirigismo, vulgo Pinto da Costa como referência incontornável, sem ter acertado sempre nas suas opções como se a perfeição existisse e o belo não fosse discutível - com a indicação, pateta mas alegre porque dada de bom grado mas só para a gente se rir, de que foi por vontade dos jogadores que nenhum falou à saída do Dragão. Como se fosse norma, no Benfica, alguém falar sempre que as coisas correm mal. Às vezes, até com empates decretam o silêncio stampa, quando mais a levarem 5 como as cinco chagas de... Cristo.
" Não terá sido por acaso que, para além de Roberto que compareceu na flash-interview da Sport TV, nenhum jogador se tenha mostrado disponível para falar à comunicação social no final da partida", sendo certo, digo eu, que há obrigação de um jogar ir ao flash-interview, como é certo que as ordens superiores é que calam os jogadores.

O ridículo e a má-fé no periodismo destrutivo; quando o Benfica, apesar da dinâmica empolgante do seu jogo, era favorecido escandalosamente, tudo foi metido na gaveta da falta de isenção; quando está na mó de baixo e não se reconhece o que pontualmente o levou ao topo, nada como reiterar que tudo aconteceu por mérito e não por favores diversos arbitrários e sectários nos gabinetes dos bons cargos da Liga, não se olha para o adversário que está melhor e antes era escarnecido e, saloios, conseguem ser mais papistas que o papa, quais ajudantes sabujos do malévolo Black Adder com o punhal pronto a usar. Contam "estórias" e chamam "investigação". Os ignaros acenam com a cabeça. O circo pode continuar.

3 comentários:

  1. sinceramente cada vez mais acredito que esta dualidade de critérios da CS serve sempre para nos unir cada vez mais... são os nosso moinhos de vento, já que os adversários são muito fraquinhos

    eu, e falo só por mim, não me conformarei com este tratamento desigual mas reconheço que este "botabaixismo" constante da CS do regime funciona a nosso favor quando, e principalmente, não temos oposição interna

    agora é mostrar competência, como disse, e muito bem, o nosso jovem Ruivinho

    abraço Zé Luís

    p.s. felizes são aqueles que, ao contrário de mim, não vêm os programas televisivos da praxe... não se aprende nada... o trio d'ataque é uma miséria (o realizador deve ter tanto tempo de antena quanto os outros dois juntos), o tempo perdido do caracoizinhos nem se fala... porra

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  2. O Miguel até manda umas bocas porreiras, acho que o realizadorzeco nem sabe o que responder, para variar.
    Dito isto, já só vejo aquilo enquanto jogo PC, n há paciência.

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  3. Luís,

    Posso cofirmar o que dizes:
    Não vejo esses programas já há alguns anos e acho que sou mais feliz por isso... (Pelo menos não "estupidifico")

    O pouco que vou vendo/sabendo desses programas é o mencionado em blogues... e acho que chega...

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